Baía da Babitonga

Baía da Babitonga

BAÍA DA BABITONGA – um paraíso em Santa Catarina

INTRODUÇÃO:

A Baía da Babitonga, localizada no belo estado de Santa Catarina, é um tesouro natural que encanta com sua majestosa extensão e diversidade única. Banhada pelas águas do oceano Atlântico e cercada por uma exuberante paisagem costeira, essa baía é um ecossistema vibrante onde a natureza se revela em sua plenitude. Suas águas serenas abrigam uma rica vida marinha e suas margens acolhem comunidades históricas e culturais que se entrelaçam com a beleza cênica. Neste texto, exploraremos os encantos e importância da Baía da Babitonga, mergulhando em sua ecologia, história e relevância para a região e o mundo em geral.

LOCALIZAÇÃO E GEOGRAFIA:

A Baía da Babitonga está localizada no litoral norte de Santa Catarina, e configura-se como um dos estuários mais importantes do estado, cercada pelos municípios de Itapoá, Joinville, São Francisco do Sul, Garuva, Araquari e Balneário Barra do Sul.

Apresenta cerca de 160 km² de lâmina d’água, e profundidade média de 6 metros, podendo atingir 27 metros em alguns locais, como no canal de acesso ao Porto de São Francisco do Sul, contornada por três importantes ecossistemas brasileiros do bioma Mata Atlântica: Floresta Ombrófila, Restinga e Manguezal.

A Baía da Babitonga tem uma extensão de mais de vinte e três milhas náuticas de comprimento por três de largura, comunica-se com o Oceano Atlântico por uma barra que tem cerca de 1500 metros de largura e profundidade média de 15 metros. Nela deságuam vários rios, entre eles: o Palmital, o Cachoeira, o Cubatão, o Monte de Trigo, o Jaguaruna, o Rio do Morreti, o Olaria, o Rio Ubatuba.

A Baía pode ser dividida em três setores, sendo um deles compreendido pela Baía propriamente dita (Setor Principal), que recebe águas dos dois outros setores, um que fica localizado ao norte, denominado setor Palmital e outro ao sul, compondo o setor Linguado, que separa a ilha de São Francisco do Sul da parte continental, desaguando também no balneário Barra do Sul, Na face leste da ilha de São Francisco do Sul, voltada para o Atlântico, está localizada a Parque Estadual Acaraí, que protege parte da mata seca de restinga remanescente e um pequeno trecho de bosques de mangue existente às margens de um rio.  

HISTÓRIA:

A história da Baía da Babitonga remonta a tempos ancestrais, e já era habitada há mais de três mil anos por caçadores e coletores sambaquianos, os homens do sambaqui. No século XV e XVI se registra a ocupação da baía por grupos tupi-guarani, denominados carijós, que há algumas centenas de anos antes se sobrepuseram culturalmente àqueles grupamentos sambaquianos ancestrais.

Com a chegada dos colonizadores europeus, a baía ganhou relevância estratégica e econômica devido à sua localização privilegiada. Os carijós, por sua vez, não resistiram à dominação europeia com o início da ocupação portuguesa do litoral sul do Brasil. Sucumbiram pela escravização, guerras, por doenças e mesmo pela aculturação, desaparecendo como cultura autóctone antes do século XVII. Durante o período colonial, a região foi palco de disputas territoriais e embates entre as potências colonizadoras.

No século XIX, a Baía da Babitonga testemunhou o florescimento da indústria naval e a chegada de imigrantes europeus, que deixaram marcas duradouras na cultura local. As cidades costeiras ao redor da baía prosperaram, e a economia da região se diversificou, abrangendo atividades como pesca, agricultura e comércio.

ECOSSISTEMA:

A Baía da Babitonga possui um dos recortes mais notáveis de ecossistema dos manguezais do sul brasileiro, sendo caracterizado como um sistema estuarino, ou seja, um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar, que sofre as influências das marés, apresentando águas doces próximos da sua cabeceira, e águas salobras próximo da sua desembocadura.

Na Baía da Babitonga encontramos a maior área de manguezal existente em Santa Catarina, onde se concentram 75% do total desse ecossistema no estado, com área estimada em 59,94 km², caracterizando-se como o último grande remanescente deste ecossistema em seu limite de distribuição no Atlântico Sul.

O setor que segue ao norte, denominado Palmital, possui a maior e mais exuberante área de manguezal com uma área de 45,37 km². A área conta também com várias ilhas e lajes expostas, possuindo cerca de 24 ilhas catalogadas e uma extensa rede hidrográfica. Dentre as ilhas que são ocupadas ou que possuem algum atrativo, podemos citar: a Ilha do mel, a Ilha da murta, a Ilha grande, a Ilha corisco, a Ilha da Rita e a Ilha das Flores, esta última é que recebe mais visitantes, devido a sua pequena faixa de areia.

As florestas de manguezais são consideradas muito importantes por servirem de áreas de descanso, alimentação e reprodução para fauna diversa (aves, moluscos, crustáceos, peixes e répteis) e também por contribuir com nutrientes, principalmente através da queda das folhas, para os ambientes no entorno, sustentando as cadeias alimentares costeiras. Além disso, os manguezais servem de proteção da linha de costa, pois a vegetação funciona como barreira, evitando a erosão gerada pela maré e por processos eólicos; por sua vez, as suas raízes servem de filtro, bloqueando os sedimentos orgânicos carregados pelos rios, que se aderem ao substrato do manguezal, e também filtrando o lixo que vem através dos oceanos, mantendo condições ideais para o abrigo de inúmeras espécies. Nos manguezais, em geral, encontram-se comumente três espécies de árvores de mangues, Rhizophora mangle, típica do mangue vermelho; Laguncularia racemosa, típica do mangue branco e as espécies do gênero Avicennia, como a Avicennia schaueriana e Avicennia germinans, típicos do mangue preto.

A maior parte da fauna do manguezal vem do ambiente marinho, sendo encontrados: moluscos, como ostras, crustáceos, como caranguejos, siris e camarões e várias espécies de peixes. Do ambiente terrestre provém as aves, como garças, guarás, mergulhões e gaivotas; os répteis, como cágados e jacarés, anfíbios, como sapos, jias e rãs; os mamíferos, como morcegos, macacos, guaxinins e capivaras; e ainda alguns insetos, como mosquitos, mutucas e abelhas. Há também a fauna microscópica, que apresenta incontestável valor na cadeia alimentar, composta por micro crustáceos, vermes, moluscos, larvas de camarões, de caranguejos, de peixes, dentre outros.

As características naturais da Baía Babitonga fazem dela um refúgio de aves, peixes e golfinhos. A proteção natural da baía também proporciona as condições favoráveis à pesca, ao turismo e às atividades econômicas de grande escala desenvolvidas na região, como o transporte aquaviário. Estas características e peculiaridades fazem da Baía Babitonga uma área de grande relevância para ações de conservação e iniciativas de planejamento e gerenciamento integrados.

Seu arquipélago possui uma abundante oferta de praias propícias para o turismo de sol e mar, prática de esportes náuticos e pesca esportiva, com paisagens espetaculares. Sua biodiversidade a tornou lar de centenas de animais, como peixes, crustáceos, aves e golfinhos.

Entre as espécies presentes na Baía da Babitonga, destaca-se a Toninha (Pontoporia blainvillei), sendo a única espécie de golfinho em ameaça de extinção no Brasil, e possivelmente a mais ameaçada do Atlântico Sul, vitimadas principalmente pela captura acidental em redes de pesca. As toninhas vivem apenas na costa leste da América do Sul e preferem águas profundas de até 50 metros, portanto não é comum viverem em estuários ou ambientes mais protegidos, sendo a Baía da Babitonga e do Rio da Prata umas das raras exceções. Na cidade de São Francisco do Sul se localiza a sede do Projeto Toninhas que monitora a espécie na região da Baía da Babitonga

CONCLUSÕES:

Em um mundo onde a preservação de ecossistemas é crucial, a Baía da Babitonga brilha como um exemplo de como a natureza e a cultura podem coexistir em harmonia. Ao longo deste texto, testemunhamos a importância dessa baía como refúgio da biodiversidade e testemunha da história local. Seus cenários deslumbrantes, águas calmas e conexões culturais a transformam em um destino turístico e educativo, onde as pessoas podem se reconectar com a natureza e a história que moldaram a região ao longo dos séculos, permanecendo como um elo entre passado, presente e futuro, recordando-nos da importância vital de preservar e valorizar nossas heranças naturais e culturais.

A Baía da Babitonga não é apenas um local de beleza estonteante, mas também um lembrete tangível de como nossas ações reverberam na saúde de nosso planeta. Que possamos continuar a apreciar, proteger e aprender com essa maravilha natural, para que as gerações futuras possam desfrutar da mesma magia que nos cativou ao explorar suas águas serenas e suas margens repletas de história.

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